Veja!
Mão. Mãos.
Mãos de um homem
marcadas pelos tijolos pesados,
escorregadios, às vezes,
talentosos na construção.
Muitas fizeram desde quando pequeno eu era:
de roça, de enxada,
de terra vermelha, de pés descalços,
enlameados fazendo bota.
Já de filhos criados chegeuei à cidade
sem eira, nem beira.
Mãos...e as sacolas penduradas.
Mãos
que não aprenderam a unir vogais,
consoantes, formar palavras, frases....
mas, souberam construir:
"tijolo sobre tijolo num desenho mágico" até arranha-céus.
Mãos:
acalentaram crianças,
afagaram tijolos
amaciaram cimento, areia e água.
Mãos que plantaram feijão, plantaram arroz,
Mãos que cozinharam feijão e arroz na panela preta!
Mãos.
E hoje? O que fazem?
Mãos trêmulas, enrugadas,
apagadas...
não constroem mais!!
Nem os cabelos dos netos afagam
nem colher para mexer o feijão com arroz seguram
nem o nada acalentam.
Mãos!
Perderam o valor.
Aposentado
de sálario mixo para 70 anos de construção.
"Encostado"
velharia,
zero à esquerda,
nem escada
nem patamares
nem tijolo sobre tijolo...nada mais!
De homem,
de construção resta o nome: - Sebastião!
de pai ficou a lembrança...o coração.
Um comentário:
Gostei muito, você é pessoa mais do que especial, parabéns pelo relato puramente sincero com palavras extraídas do âmago de sua alma, é o que passa...
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